A cada quatro horas suicida-se uma pessoa em Portugal. Dados da Sociedade Portuguesa de Suicidologia indicam que nos últimos 29 anos (entre 1980 e 2009) puseram termo à vida 62 640 pessoas, verificando-se um aumento deste tipo de morte na última década. Porém, estes números podem ficar aquém da realidade, com os especialistas a admitirem que o problema é mais grave porque muitos suicídios não entram nas estatísticas. E actualmente há milhares de pessoas em situação risco.
O
alerta foi feito por especialistas no encontro que decorreu
segunda-feira, Dia Mundial da Prevenção do Suicídio, em Santiago do
Cacém, uma das regiões onde a taxa de suicídio é maior.
No
encontro participaram médicos, enfermeiros, técnicos de acção social,
psicólogos e as equipas das Unidades Móveis de Saúde de Santiago do
Cacém e de Odemira, que percorrem as freguesias dos dois concelhos junto
das populações mais isoladas e sem acesso aos cuidados de saúde.
O
médico de saúde pública Mário Jorge Santos, um dos fundadores da
Sociedade Portuguesa de Suicidologia, que participou no evento, afirmou
ao CM que actualmente há "milhares de idosos" que vivem isolados no
Alentejo que estão em risco de suicídio.
"Estes
idosos já viviam isolados, mas ficaram ainda mais sós quando perderam a
televisão, única companhia que tinham, quando a televisão passou do
sinal analógico para o digital, para o TDT", sublinhou o especialista.
Acrescentou que esta grave situação não afecta apenas os idosos
alentejanos, mas "muitos milhares de idosos" de norte a sul do País.
As
famílias e os indivíduos que enfrentam problemas económicos, o
desemprego, as dívidas e a falta de meios de subsistência são os
factores que funcionam como "o gatilho" para quem se vê desesperado. O
problema social tende a agravar ainda mais.
AUMENTAM CASOS DE HOMICÍDIO E DE SUICÍDIO
A
grave crise económica que afecta os portugueses pode ser a razão que
explica o aumento do número de mortes violentas – homicídios seguidos de
suicídios – que se têm vindo a registar nos últimos tempos em Portugal,
segundo afirma ao CM o especialista Mário Jorge Santos. A somar a estes
casos estão as mortes na estrada. Segundo o médico, não há forma de
saber se os despistes, colisões e as quedas nas falésias são suicídios,
porque nas estatísticas entram como acidentes.