quarta-feira, 30 de setembro de 2015

RTP 3 estreia a 5 de outubro mas... só no cabo! A TDT continua sem esperança de dias melhores



Estreia à meia-noite do próximo dia 5 de outubro, o terceiro canal da RTP.
A Rádio e Televisão de Portugal (re)coloca no ar aquele que já foi a NTV, depois a RTP-N, até agora a RTP informação e dentro de alguns dias volta a mudar de cara e de nome, passando a designar-se de RTP 3.
O que preocupa o TDT no Alentejo são as contradições com a ida deste canal para a Televisão Digital Terrestre, ou a falta dela. Ontem, 29 de setembro, numa reportagem jornalística emitida no fim da segunda parte do telejornal da RTP1, era dito que se pretendia que o canal passasse para a TDT assim que possível. Em declarações transcritas no Diário de Notícias de hoje, 30 de setembro, Gonçalo Reis, presidente da RTP, disse o seguinte: “Este será um canal de cabo para concorrer com os restantes canais de notícias”, fechando a porta à integração de mais canais RTP na TDT. “É um canal temático que está no cabo, os canais em aberto são o 1 e o 2. É o quadro que temos” sublinhou o presidente da RTP.
Posto isto, que esperança pode o povo português ter na ida da RTP3 para a TDT, quando a própria administração da estação pública, de todos os portugueses, não demonstra interesse em que tal aconteça?

O mais grave disto tudo é que os portugueses, pelo menos os que têm contrato de eletricidade em seu nome, a pagar todos os meses uma tal taxa de audiovisual para financiar o serviço público dos nossos próprios bolsos e depois somos privados de aceder ao conteúdo total da RTP. Se quisermos ver a “nova” RTP3 teremos que pagar por um serviço de TV paga. Acontece a mesma coisa para termos acesso às emissões da RTP-Memória, RTP-África, Açores e Madeira.

Com que legitimidade nos cobram duas vezes para assistir-mos às emissões da RTP? Se já financiamos o serviço público uma vez, teríamos no mínimo direito de acesso em canal aberto, para além da RTP1 e RTP2, à futura RTP3, ao arquivo da estação pública, memória coletiva de todos, designada RTP-Memória e, sendo mais sonhador, termos ainda o acesso à RTP-Açores, Madeira e África. Já a Internacional é discutível, pois trata-se quase na totalidade de uma mistura de programas dos outros canais do universo RTP.

E o zé povinho come, cala-se e paga a dobrar se quiser, senão contente-se com a 1, a 2 e as duas generalistas privadas mais uma tal de “ARTV” que emite quando lhe apetece!
Nas rádios públicas, pelo menos o cenário é ligeiramente diferente. Pelo menos as três antenas de âmbito nacional estão a emitir em todo o território, com diversidade e abrangentes a vários públicos diferenciados.

O Sr. Ministro Miguel Poiares Maduro, que tanto prometeu mudar o rumo da história da TDT, limitou-se à demagogia pura e dura. Se teve tais intenções, na prática não passaram disso mesmo, intenções! Temos a TDT mais pobre da Europa e uma das mais miseráveis do mundo. O Multiplexer A continua a “oferecer” apenas aquilo que já tínhamos no serviço de TV analógico. O canal HD continua a preto, sem que os operadores tenham chegado a acordo, continua sem sinal de vida. Os restantes multiplexers, nem em sonhos se vislumbram… O sinal que chega a cas das pessoas é miserável. A aposta errada numa rede SFN (rede de frequência única) está à vista. Para remediar a coisa, e bem, foram licenciados em MFN (rede de multi frequência) os antigos emissores analógicos, agora em digital, em algumas zonas do país, o que deveria ter sido feito desde o início tal como aconteceu em Espanha. No caso do Alentejo, o Mendro e São Mamede não chegam. É urgente colocar no ar o canal 43 UHF da Fóia, como previsto na nova rede MFN de SFN para melhor cobrir o sul do Baixo Alentejo e norte do Algarve. Apesar das minhas tentativas junto da ANACOM, a resposta é igual a zero!

Em Espanha, além de uma rede de emissores de MFN em todo o país, de grande potência, existe diversidade de canais. Todos os canais do grupo RTVE estão lá, vejamos: TVE1, TVE2, Canal Clã, infantil, Canal 24 horas, informativo, Canal TDP, de desporto, para além dos outros trinta e tal canais privados de âmbito nacional, regional e local, dedicados à informação, cultura, cinema, desporto, infantis, séries, para não falar da Alta Definição em quase todos eles e na emissão no formato 16:9.
Em Portugal resta esperar para ver, mas com muita utopia e o esperar sentado.
Ficam imagens de canais públicos espanhóis em aberto na TDT vizinha:

TVE1 - HD - Alta definição

TVE 2

TVE 24 Horas - Canal informativo

Clã TVE - Canal infantil

TDP HD - Teledeporte - Canal Desportivo - Alta Definição

Não é à toa que mais de 80% dos portugueses tem TV paga. Há outra hipótese? Não, não há! Queres ver, paga! Senão apanha com telelixo em canal aberto! Sorte de quem apanha os espanhóis em canal aberto. Azar dos portugueses que não podem pagar NOS, MEO, Cabovisão ou Vodafone.

Há muito caminho a percorrer, mas enquanto a TDT estiver nas mãos de um operador que detém serviços pagos no mercado, nada haverá a fazer. Somos os piores da Europa no conteúdo e na rede de emissão.


Enquanto esperamos que algo mude, se mudar, exige-se no mínimo os canais públicos, que pagamos a dobrar, na rede aberta da Televisão Digital Terrestre.

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