Plataforma que agrega grupos de comunicação social
defende que a RTP já tem uma posição privilegiada no mercado e aumentar a taxa
e a publicidade é uma violação dos princípios da concorrência.
O
aumento da contribuição para o audiovisual (CAV) paga pelos consumidores na
factura da electricidade e que financia a RTP é “injustificável” e “uma sobrecarga
adicional e irrazoável” para os contribuintes, considera a Plataforma de Media
Privados, que diz também que essa subida da taxa e a permissão de publicidade
nos canais públicos RTP3 e RTP Memória são uma violação dos princípios da
concorrência.
·
A
plataforma agrega a maior parte dos principais grupos de comunicação social –
Cofina, Global Media, Impresa, Media Capital, PÚBLICO e Renascença. Em
comunicado, a plataforma reage assim à entrevista do presidente da RTP ao PÚBLICO, em que
defendia que o Estado deve fazer o seu “quinhão” – ou seja, aumentar a taxa do
audiovisual – já que a RTP tem cumprido e até ido muito além das responsabilidades
que lhe são determinadas pelo contrato de serviço público, ao mesmo tempo que
cumpre os orçamentos e apresenta resultados positivos.
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Questionado
pelo PÚBLICO sobre se iria defender junto do Governo o aumento da taxa do
audiovisual no Orçamento do Estado para 2019, Gonçalo Reis enalteceu o trabalho
e os resultados da RTP e afirmou: “É fundamental que cada parte cumpra o seu
quinhão: a RTP está a prestar mais serviço público, ao Estado caberá ajustar a
Contribuição para o Audiovisual de acordo com a inflação tal como a lei
estipula.” A CAV não é aumentada desde 2016, quando foi fixada em 2,85 euros
por mês. Ao PÚBLICO, o presidente da RTP recusou-se especificar se a
actualização que considera que a empresa merece deve abranger a inflação desde
2016 ou só a deste ano.
E
ainda nesse dia, numa audição no Parlamento, usou os mesmos argumentos para
defender que a RTP tem tido um “desempenho muito positivo em todas as áreas”,
da programação às finanças e remeteu exclusivamente para o
acionista Estado a responsabilidade pela decisão de actualizar
a taxa. “Se faz novas iniciativas, se funciona com rigor, então não deve ser
penalizada.”
A
Plataforma de Media Privados realça que a RTP já “beneficia de um regime de excepção”
que lhe permite receber em exclusivo a CAV, que subiu 7,5% em 2016. No ano
passado, a RTP recebeu 176,4 milhões de euros através desta taxa – 483 mil
euros por dia, lembra a plataforma –, a que se somaram receitas de publicidade
e direitos de emissão, para além dos sucessivos aumentos de capital subscritos
pelo Estado. Aliás, no próximo ano, como contou ao PÚBLICO Gonçalo Reis, os
investimentos que a RTP tenciona fazer em equipamentos e instalações para a
rádio e para a TV, e o aumento do investimento em programação serão financiados
pela última tranche de 16 milhões de euros do mais recente aumento de capital.
Por
tudo isso, diz a plataforma, “a eventual subida da CAV, reclamada pela RTP, é
injustificada e traduzir-se-ia numa sobrecarga adicional e irrazoável para os
contribuintes. Além disso, introduziria, uma vez mais, um agravamento das
condições de manifesta concorrência desleal em que actuam os operadores
privados de media, em particular os televisivos.
E
sobre a pretensão de Gonçalo Reis de poder ter publicidade na RTP3 e na RTP
Memória quando a TDT for alargada aos dois novos canais cujo concurso o Governo
vai abrir em breve, a plataforma também é muito crítica. Defende que o operador
público já “detém uma situação de vantagem” por poder distribuir os seus canais
temáticos na TDT ao passo que os privados não podem. E tanto a SIC como a TVI
têm vários canais temáticos, incluindo de informação, concorrentes directos da
RTP3.
“A
possibilidade, defendida pela RTP, de os seus dois canais temáticos poderem
também, na TDT, aceder a receitas publicitárias – algo que a legislação actual
não permite – atentaria contra os mais elementares princípios do jogo
concorrencial”, aponta a plataforma.
IN: https://www.publico.pt/2018/09/19/culturaipsilon/noticia/media-privados-nao-querem-rtp-com-mais-taxa-nem-publicidade-na-tdt-1844508
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