sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Televisões e PT não se entendem sobre o preço a pagar pelo sinal digital



A Portugal Telecom quer cobrar mais pelo sinal digital do que custava o sinal analógico. A Anacom reconhece que o processo podia ser mais "simples e incentivador" para os consumidores.As três televisões de sinal aberto RTP, SIC e TVI e a Portugal Telecom não se entendem sobre o preço a pagar à operadora de telecomunicações pelo transporte do sinal digital. A PT, que tem dito que os custos do digital são os mesmos que os do analógico, quer cobrar a cada canal de TV 3,5 milhões de euros anuais pelo sinal digital, o que é mais do que os 3,2 milhões pagos ultimamente pelo sinal analógico. Ontem começou o apagão faseado do sinal analógico com o desligamento do emissor de Palmela e os retransmissores de Alcácer do Sal, Melides e Sesimbra. RTP, SIC e TVI querem "despachar" o apagão para poderem pagar menos do que os 4,1 milhões pelo sinal simultâneo em que estão a emitir agora.

O contrato assinado em 2008 pelas três televisões e a PT estipulava que o preço para o período do simulcast (emissão em simultâneo dos sinais analógico e digital, que começou em Maio de 2011) seria igual ao praticado em 2007 para o analógico, ou seja, no caso, por exemplo, da SIC, de 4,1 milhões de euros por ano. O valor para a TVI seria inferior, já que a estação tinha a sua própria rede - a RETI, que vendeu à PT nesse ano. Porém, em 2009, a Anacom - Autoridade Nacional de Comunicações reviu o preço do sinal para 3,2 milhões.

As televisões estão em luta com a PT, que não aceita reduzir o preço de 3,5 milhões de euros por ano que lhes propôs. Os canais argumentam que na altura do contrato o sinal aberto tinha 60% do mercado e agora já é só de 40%, devido ao crescimento da TV paga. E estão à espera de que a Anacom faça uma nova revisão dos custos de transmissão, como é normal a cada dois anos. Contactada pelo PÚBLICO, a PT recusou comentar o assunto.

TDT já é real a sul do Tejo

Bastou ao engenheiro Paulino rodar um botão, depois da ordem do ministro Miguel Relvas, por videoconferência, quatro minutos antes da hora marcada. Às 11h41 de ontem desligou-se o sinal analógico na península de Setúbal e parte do Alentejo. Quem só recebe os quatro canais e não tem descodificador vê agora um ecrã negro com uma mensagem sobre o fim da emissão analógica e os contactos para mais informações.

Os próximos dias serão fundamentais para perceber se haverá problemas de monta, avisa a Anacom. O presidente reconhece que a migração, que "é uma obrigação", "podia ter sido mais simples, mais interessante e mais incentivadora". "As pessoas sentem que estão a mudar para algo que é quase igual ao que tinham e que tem um custo que para alguns é duro - não vamos escamotear", disse Amado da Silva na cerimónia.

Zeinal Bava, presidente da PT, aproveitou para rejeitar a acusação de conflito de interesses no processo: "A TDT não tem nada a ver com a estratégia da televisão paga da PT ou de outros operadores. Estamos essencialmente a prestar um serviço de engenharia que permite que toda a gente possa ver TV. Não é necessário subscrever qualquer serviço de TV paga para ter acesso aos quatro canais" de sinal aberto. Vincou que se até aqui a TVI só chegava a 82% da população e a SIC a 88%, agora a cobertura é de 100%. E queixou-se: "Era suposto a PT transportar o sinal de seis canais. Sendo apenas quatro, a PT é prejudicada porque cobra menos do que estava contratado."

Na cerimónia estiveram representantes da Anacom, do Governo, da PT, da ERC e pelos operadores apenas compareceram a SIC e a TVI. Questionada pelo PÚBLICO, a administração da RTP respondeu que "não esteve presente na cerimónia por razões internas, mas informou a Anacom das razões que a impediam de participar". O próximo passo é o desligamento, dia 23, do emissor de Fóia - Monchique e retransmissores de Santiago do Cacém, Cercal do Alentejo, Odemira, Odeceixe, Monchique, Aljezur e Silves. O apagão total será a 26 de Abril.

In Publico

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