O presidente da Autoridade Nacional de Comunicações
(ANACOM), José Amado da Silva, reconheceu hoje que aquela entidade tem
recebido queixas de que há instaladores de equipamentos da TDT a cobrar
"barbaridades" e apelou à cidadania. Hoje, foram desligados os últimos
15 transmissores analógicos.
"É preciso ter a garantia absoluta de que as pessoas se
dirigiram aos sítios certos", afirmou aos jornalistas Amado da Silva,
após a cerimónia que assinalou o final definitivo das emissões
televisivas analógicas em Portugal na transição para a Televisão Digital
Terrestre (TDT).
O responsável da ANACOM esclareceu que o regulador tem
recebido queixas. "Infelizmente é verdade, de que alguns instaladores,
por exemplo, têm cobrado barbaridades às pessoas", afirmou,
acrescentando que vão procurar que tal não aconteça no futuro, apelando à
cidadania.
Amado da Silva diz há pessoas que podem pagar 20 euros
pela transição para o digital e outras que podem pagar 120: "Pode
acontecer, com certeza que pode. O problema das médias é esse. Há
pessoas que ficam perfeitamente discriminadas".
Televisão analógica "morreu" aos 55 anos
Ao desligar os últimos emissores, entre os quais os do
Marão, Montejunto e Monte da Virgem, e mais de uma centena de
retransmissores analógicos, o plano de switch off fica concluído,
deixando o sinal analógico de ser emitido "em definitivo em todo o
território de Portugal".
A partir de agora, a transmissão televisiva em Portugal
é feita através da TDT, com a cobertura terrestre a cifrar-se neste
momento nos 94%, segundo o administrador da Portugal Telecom, Alfredo
Baptista, que falava durante a cerimónia.
José Amado da Silva afirmou, por seu turno, que o
momento assinala o "encerramento de um tipo de televisão que vai deixar
de existir", minutos antes de ser apagado o sinal analógico.
Para o secretário de Estado adjunto do ministro
adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Feliciano Barreiras Duarte, "o
que está em causa é colocar Portugal na vanguarda" em termos europeus
no que toca à emissão televisiva.
DECO considera processo "imperfeito"
O fim das emissões televisivas em sinal analógico
ocorre três anos após a decisão em Conselho de Ministros e mais de dez
anos depois de falhada a primeira tentativa de introduzir a TDT.
A parte do espetro analógico que vai ficar liberto com a
sua substituição pela TDT, cerca de 80 por cento, ainda não tem
destino.
Quanto às possibilidades para este espaço, Amado da
Silva já tinha explicado que "ficaram libertadas um monte de
frequências onde pode haver televisões regionais", e que não cabe à
ANACOM a questão de como preencher o espetro.
O secretário de Estado explicou, em relação a esse tema, que é algo a ser tratado "com tempo" .
Por seu lado, a DECO considera que o processo de
acompanhamento do fim do sinal analógico de televisão foi "imperfeito",
causou "transtorno e incómodo" às pessoas e que os testes realizados no
terreno confirmaram várias das reclamações que receberam.
IN. Expresso