Várias freguesias de Odemira, Aljezur e Vila do Bispo continuam sem sinal de televisão desde que foi desligado o emissor analógico da Fóia, em Monchique, a 23 de Janeiro. E ainda não há solução.
Apesar das garantias dadas pela Anacom de que mais de 90% do território já estaria coberto com a Televisão Digital Terrestre (TDT), todos os dias aparecem pessoas nas Juntas de Freguesias de S. Teotónio e de Odeceixe, no litoral alentejano e costa vicentina, a queixarem-se de que não vêem televisão.
Os protestos nestas duas localidades não param desde que o centro emissor analógico da Fóia, em Monchique, foi desligado no passado dia 23 de Janeiro. A falta de sinal estende-se ainda a outras freguesias dos concelhos de Odemira, Aljezur e Vila do Bispo.
Um morador em Odeceixe explica que, após o apagão analógico, tentou sintonizar o sinal televisivo mas apenas lhe surge a indicação "nada encontrado", com a sugestão para que verifique as ligações da antena.
Fernando Rosa, presidente da junta, confirma a existência de problemas relacionados com a perda do sinal de televisão, o que "revela uma grande falta de respeito pelos consumidores", pois "ninguém pediu" que o serviço fosse alterado. Sobretudo depois de se terem assumido encargos com descodificadores que agora não servem para nada.
Para Fernando Rosa, "deveria ser" a entidade responsável pela alteração do sistema analógico para o digital "a assumir os encargos e as responsabilidades" pela eficiência do serviço prestado.
Na freguesia vizinha, em S. Teotónio, o presidente de junta, José Manuel Guerreiro, faz um balanço igualmente crítico sobre a instalação da TDT. "O sinal não chega". Apenas uma franja da freguesia junto ao litoral tem acesso à televisão.
"Todos os dias temos gente na junta de freguesia a queixar-se de que não tem sinal". O mal-estar é patente, diz o autarca, revelando que já foram recolhidas cerca de mil assinaturas para acompanhar um abaixo-assinado de protesto contra esta situação. Os protestos já se fizeram sentir junto da Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom), que "respondeu mandando culpas para cima da PT", acrescenta.
Já foram realizadas reuniões entre a Anacom e os presidentes das Câmaras de Odemira e Aljezur, mas o problema subsiste, com a autoridade "a chutar o problema para o lado", ironizou o presidente da Junta de Freguesia de Odeceixe.
"Temos muitos idosos sozinhos que não sabem o que fazer" para lidar com o problema, refere Fernando Rosa. Mesmo depois de terem investido, "com enormes dificuldades", em aparelhos para terem o sinal, tal não se veio a verificar, restando agora a hipótese do satélite, muito mais caro.
Confrontada com as críticas que são imputadas à Anacom, a porta-voz da instituição, Ilda Matos, reconhece a existência de "constrangimentos", mas é peremptória: "o que a Anacom tinha a fazer, já fez". Por outro lado, "não há forma da Anacom obrigar a PT a colocar retransmissores nos locais onde há deficiente recepção do sinal", embora assegure que esta entidade "tem estado a fazê-lo".
A existência de zonas de sombra na recepção do sinal digital é uma realidade, admite Ilda Matos, que frisa, porém, que "não há nada que obrigue a garantir a cobertura de 100 por cento das famílias." O que está a ser garantido "é a cobertura de 100 por cento do território com televisão". Neste momento apenas seis por cento do território "não terá" cobertura terrestre, admite, frisando que a Anacom "gostaria de fazer mais", mas não vislumbra como se possa continuar a fazer reforço de cobertura. Terão de ser "as populações a suportar o custo de adaptação à TDT", conclui.
O PÚBLICO tentou obter esclarecimentos junto da PT, mas sem sucesso.
IN: Público de 14 de Março de 2012
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