A
Deco criticou esta quarta-feira a entidade reguladora das comunicações,
a Anacom, pela falta de alertas face às alterações nas frequências de
Televisão Digital Terrestre (TDT), que vão obrigar os consumidores a
pagar para mudar a sintonização das antenas.
"A
18 de Maio último, a Anacom viu-se forçada a atribuir à Portugal
Telecom uma nova licença de seis meses: o sinal TDT será emitido em mais
três intervalos de frequência, para sintonizar os quatro canais livres,
difundidos pelos emissores de Monte da Virgem, da Lousã e de
Montejunto", refere a organização de defesa dos consumidores em
comunicado hoje divulgado.
Contactado
pela Lusa, o secretário-geral da Deco explicou que as alterações
"fizeram com que fosse necessário religar emissores que já estavam
desligados" e que "isso provoca uma situação perfeitamente desarranjada e
desajustada porque vai fazer com que, em muitos sítios, haja
necessidade de fazer uma nova orientação das antenas".
A
situação constitui não só um novo incómodo para as pessoas, sobretudo
os mais idosos e no Interior do país, além de uma provável repetição de
gastos "porque é preciso chamar de novo técnicos para restabelecer a
qualidade do sinal", acrescentou Jorge Morgado.
"Isto
tudo acontece porque a Anacom não fez uma fiscalização eficaz e este
processo não foi devidamente planificado e acompanhado", acusou.
Por
isso, defende o secretário-geral da Deco, "a Anacom devia vir a
terreiro explicar exatamente o que vai acontecer, para que os
consumidores saibam qual é o problema e tomem as medidas adequadas".
Além
disso, adiantou, "é fundamental que a Anacom informe que não vai haver
despesas a suportar pelas populações com esta situação".
Para
Jorge Morgado, é preciso pôr equipas de técnicos nos locais para ajudar
as pessoas e, "se calhar, para melhorar a cobertura, é preciso um novo
investimento".
A
passagem do sinal analógico de televisão para o sinal digital, com a
adopção da TDT, tem provocado muitas queixas à Deco, disse o
responsável.
Desde
o apagão a 26 de Abril, as reclamações no portal da entidade
duplicaram, passado de de 684 para cerca de 1400, sendo quase todas
referentes a sinal instável e perda de recepção.
"A
Anacom, como entidade reguladora, tem de tomar medidas que permitam que
todos os portugueses tenham a possibilidade de ter acesso aos quatro
canais de televisão. E ter acesso é ter qualidade de sinal e durante
todo o dia", concluiu.
IN. Correio da Manhã
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